quinta-feira, 6 de maio de 2010

UM MÊS COM A MÃE...

Estamos no mês de Maio, o quinto mês do ano, conforme o calendário civil, um mês festivo que ressalta a sensibilidade, o feminino num clima agradável, aconchegante, sereno, é neste clima de paz, que nos primórdios da existência humana, houve a necessidade de um tempo para a reflexão, festas que preparam a terra para o cultivo, para a reprodução, a chegada de uma nova estação, como é caso da primavera na Europa. Conforme as festividades greco-romanas este mês havia a festividade das flores, das noivas, com o intuito de festejar o ciclo da vida, como também seus heróis, deuses e mitos, entre eles a da donzela Europa. Mas a festividade maior é aquela que remete a maternidade; embora sendo atualmente uma festa capitalista que esquece a realidade da mulher.

Mãe , uma palavra que ecoa a séculos, em diferentes épocas, e situações, mas o ao mesmo tempo amado, esperado e vivenciado... é neste mês que o mundo católico honra Maria como o seu mês. Por ser primavera na Europa, o berço do mundo ocidental, com o passar do tempo começaram a dedicar este mês à Maria, tem data histórica a partir da devoção de São Felipe de Néri (1515-1592) e oficialmente consagrado pelo Papa Paulo VI na Encíclica “Mense Maio” de 1965 devido às aparições de Fátima em 1917,daí a origem das ladainhas, coroações, andores, procissões, reza do terço,Oficio da Imaculada Conceição, promessas , círios...

Mas muitos podem pensar, porque remeter a maternidade à Virgem Maria? Isso é uma realidade profunda, já diria Jung . Ser Mãe, equivale a estágios, espera, dor, liberdade... O mundo atual esta fragmentado, ausente, do colo de mãe. A maternidade tão almejada por muitas mulheres como ressalta as Escrituras, Sara (cf. Gn 17,15/cf. Gn 18,9-15/ Gn 21,1-7) Raquel (cf Gn 30,22) Ana (cf. 1 Sm 1,1-28) e é claro Maria (cf. Lc, 1,26-38)... e esquecida por outras....

“O coração de uma Mãe, é a sala de aula de um filho” já dizia Bucker, e podemos notar como foi a educação de Jesus! Sem dúvida o papel maternal de Maria foi marcante na formação humana do menino Deus. A maneira como expressava em atos e palavras, tudo como pano de fundo sua Mãe!

“A Mãe olha para o bebê que segura nos braços, o bebê contempla a face da Mãe, e se encontra ali....” (Winnicot), percebe-se esta falta nas crianças de hoje,o contato real da mãe com o filho, laços afetivos, que se entrelaçam na fecundação, gestação, a vida inteira. E Jesus teve esse encontro, este contato em toda a sua vida terrena, a Mãe sempre presente, mesmo a distância, onde o silêncio, saudade, já oferecia sua mensagem. Em todas as palavras do Messias, estava a personalidade da Mãe. Quando disse “Isto é meu corpo...”(cf.Lc 22,19), podemos pensar o que a humilde jovem de Nazaré vivenciou : “ A caminho da casa de Isabel e nos meses que se seguiram, a gestação em seu útero virgem, meditava; isto é meu corpo, meu sangue...

Sob o olhar vigilante dos animais da estrabaria, da noite fria, Ela o acalentou, sussurrando: “Isto é meu corpo, meu sangue; na fuga para o Egito e a volta para Nazaré, na busca do filho perdido, e quando pressentiu que Ele ia embora, Ela o deixou partir, entendendo: “ Isto é meu corpo, meu sangue!”

Aos pés da cruz, marcada pelo sangue inocente do filho, recordando e gemendo: “ Isto é meu corpo e sangue...”

Quando as trevas, as pedras e o sepulcro transformaram-se em manhã de Páscoa , Ela correu para Ele dizendo: “Isto é meu corpo, meu sangue!”

E ninguém pensou em lhe dizer: “Mulher não és digna de dizer essas palavras, em nada te pareces com Ele.” (Irene Zimmerman).

Não há como dizer tudo sobre Mãe, todos nós sabemos que ela é um mistério que vivenciamos em nossas vidas, e mesmo assim não compreendemos o que se passa na vida dela.

Todas Elas querem o filho junto de si, qualquer separação, mesmo temporária é uma violência ao seu coração, sente-se roubada naquilo que é mais profundamente seu (cf. Lc 2,41-52) e notamos a veracidade dos fatos como os filhos de hoje não dão importância e um certo carinho com sua proterora.São tantas mães que são esquecidas em asilos, sanatórios, pelo fato de não querer oferecer-lhes amor, e isso podemos observar com as Escrituras enfatiza o cuidado com os pais (cf. Ex20,12/Dt 5,16/ Ecle 31-7/Ecle 7,27-28) dentre outros.

Festejar o segundo domingo de maio, é refletir o momento crucial em que as famílias de hoje estão se tornando. O perfil , a educação da família está totalmente fora dos padrões, ainda mais se tratando da célula principal: amor e compromisso.

Mais que presentes, o que elas querem é o nosso coração e amor (cf.Proverbios 23,26), o amor de uma Mãe, é um amor incondicional, este amor podemos também encontrar em Maria, um colo de Mãe, não faz mal a ninguém, independentemente da idade; como diz Gabriel Chalita: “ Mãe é para sempre, mãe cuida da gente!”. Para isso é necessário, abandonar, não querer ter razão, silenciar-se diante daquela que nos recebeu em seu corpo, alma, afeto, perceber como fazem tudo por nós, podemos notar o seu carinho na roupa limpa, a refeição, é como Carlos Drummond dizia de sua querida mãe: “todo dia a comida era arroz e feijão, mas Ela amava!”

O nome de Mãe ecoa em todos os momentos de nossas vidas, principalmente quando sentimos sós, em apuros e Rubem Alves (2005) ressalta esta verdade sobre um pequeno texto que escreve sobre Maria: “Me contaram que na língua Zulu, quando alguém está muito longe, esta distância que se perde além do horizonte, a pessoa vira poeta, e diz uma única palavra que, se traduzida literalmente, signficaria: Lá onde alguém grita, ò Mãe estou perdido!"

Solidão sem remédio. Todos os gemidos são inúteis. Os únicos sons, aqueles dos pássaros, do vento, o bater do próprio coração, o silêncio...

E a despeito disso, o mesmo nome mágico é pronunciado, como se o espaço vazio tivesse ouvidos maternos para ouvir um soluço de uma criança perdida, longe , muito longe de casa: Mãe! Estranho e belo: nome, nome que desenha contornos de um corpo de mulher, invocado na dor de uma ausência universal. E o corpo de mulher transforma em uni/verso, um mesmo poema que reflete mundo afora!

(...) E fica aquele grito de solidão: Oh Mãe, estou perdido! Nas estórias infantis as mães estão sempre ausentes. As estórias são verdadeiras: nenhuma mãe é grande que chegue para satisfazer a nossa nostalgia. Porque esta Mãe com que sonhamos teria que ser bela e terna como a Pietá, e o seu colo teria que ser do tamanho do universo, do cosmo inteiro. Nele se deita o próprio Filho de Deus.

Oh meu Deus, a nossa nostalgia só será satisfeita se esta Mãe viver em Ti. Assim, quando do fundo da tristeza gritarmos: “Ó Mãe, estou perdido!” Ouviremos a resposta maternal: “Meu Filho estou aqui!” E assim a cada primavera, a cada estrela que cintila, há aquelas mulheres no silêncio do seu coração, aguardam dos seus filhos apenas isso: “Mãe estou aqui!”
Para todas as Mães, aquelas que geraram na carne e principalmente aquelas que geraram em seu coração,um feliz e abençoado Dia das Mães!

(GED Divinópolis/MG-Maio 2010).

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